Hong Kong Fu

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quinta-feira, 29 de julho de 2010

You Have to Fight!

Só destruindo a si mesmo, se descobre a força superior do espírito.”

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Eis um daqueles filmes que você PRECISA assistir duas ou mais vezes. Não é um filme qualquer, mas um filme com uma profunda mensagem que, indubitavelmente, mudará seu olhar de forma drástica. Isso se você tiver predisposição para esse tipo de pensamento. Baseado em Livro de Chuck Palahniuk, dirigido por David Fincher, posiciona‑se contra os mantras de uma geração onde o discurso do bom mocismo começa a se desgastar, deixando brechas para ser visto como uma forma de controle social. Brad Pitt, Edward Norton e Helena Bonham Carter encarnam personagens brutos e tensos.

Jack, um jovem insone e sempre apreensivo conhece um furtivo vendedor de sabão e juntos canalizam o instinto básico da agressividade masculina em uma nova e surpreendente forma de terapia. O conceito faz sucesso como "clubes da luta" que vão sendo montados em cada cidade.

Jack (Edward Norton) é um executivo yuppie que trabalha como investigador de seguros de uma grande montadora de automóveis. Ele vive muito confortavelmente, mas está em stress progressivo devido a prolongadas crises de insônia. Passa a extravasar sua ansiedade em sessões de terapia grupal ao lado de gente com câncer, tuberculose e outras doenças, pois só no meio de moribundos é que Jack se sente vivo e assim consegue dormir. Sua alegria só é interrompida pela chegada de Marla Singer (Helena Bonham Carter), uma viciada em heroína com idéia fixa de suicídio.

Repentinamente entra na sua vida Tyler Durden (Brad Pitt), um cara ainda mais neurótico que Jack. Eles se conhecem em um vôo e mal se falam, mas quando o apartamento de Jack explode misteriosamente ele vai morar com Tyler, que vive em uma mansão caindo aos pedaços. Tyler lhe oferece uma perigosa terapia-alternativa: por à prova seu instinto animalesco em combates corporais. Assim nasce o “Clube da Luta” que ganha diversos adeptos que aliviam suas tensões arrebentando cada um a cara do outro.

Com o tempo, Tyler demonstra que seus planos vão além da criação do clube — uma mania que ganha adeptos no país inteiro Tyler sonha em concretizar o seu "Projeto Caos".

Tyler é uma espécie de Jim Morrison ou Kurt Cobain sem talento para música. Suas habilidades, no entanto, são outras. Sabe fazer sabão, bombas e dar uma chance de vingança aos frustrados que encontraram no Clube da Luta, uma oportunidade de retomar a vida. É através do sabão, feito a base de gordura humana jogada fora por clínicas de lipoaspiração, que Tyler consegue recursos para espalhar filiais do clube pelo país e financiar ações terroristas em busca de uma “revolução”.

Tyler propõe uma solução peculiar para os vícios de um povo regido pela lógica do consumo, castrado de vontades próprias. Enxerga a cura justamente naquilo que outros tenderiam a ver como sintomas de uma sociedade doentia. É nas mazelas e distúrbios sociais do povão, em sua mente pervertida e no seu ímpeto jovem, que Tyler promove a salvação. Para ele, a vidinha normal de trabalho e televisão é que deve ser combatida.

O pensamento que o filme propõe é algo um tanto caótico, quase anárquico, um pensamento que faz a palavra "Niilismo" surgir em minha mente. Cansados da vida repetitiva e vazia dessa era Pós-Moderna, dos labirintos de concreto, do mundo capitalista, um grupo de homens decide mudar tudo através da mais simples AUTODESTRUIÇÃO. Lutar por lutar. Não importa a integridade física, o que importa é se sentir vivo e ativo, INDIVIDUAL — coisas que a sociedade atual simplesmente eliminou. Tais sentimentos e vivências foram destruídos paulatinamente através dos "direitos humanos", "igualdade" e  do pensamento politicamente‑correto, aniquilando assim qualquer chance do arquétipo do Herói se manifestar no mundo; Não há espaço para heroísmo, honra e coragem nesse contexto cultural, social e psicológico — há lugar apenas para a fraqueza, mentira e usura.

O "Clube da Luta" desestabiliza o sistema e o contexto moral da sociedade, apenas por se participar dele,pela experiência vivida. Com essa filosofia, se desperta o Super-Homem, o Übermensch e aproxima-se do Espírito. Também há a questão da Liberdade; As coisas que você possui começam a te possuir lentamente, colocando você num processo que te prende por relações afetivas ou obrigações. Quando você se vê livre de tudo isso, abandona tudo, perde todas as esperanças, percebe a Liberdade.

Subitamente o Clube da Luta — como qualquer grupo que se opõe ao sistema vigente — evolui para algo realmente político: o PROJETO CAOS, passando a agir como uma verdadeira  "Organização Terrorista" —  começa a atacar as instituições financeiras e levar sua ideologia ao nível da práxis.

No filme Fight Club a liberdade econômica e o conforto seriam a prisão do homem contemporâneo. A saída não é pelo prazer, mas pela dor; Não é pela aceitação do outro nem através de “paz e amor” como na época dos hippies, mas através do endurecimento físico e psicológico e na conscientização da falência do sistema sócio-econômico contemporâneo ocidental, da alienação, e do desapontamento total com o sonhos de consumo.

Clube da Luta não é sobre ganhar ou perder: É uma luta interna contra nós mesmos — É uma luta pessoal, uma tentativa para conquistar a liberdade, alcançada com muita dor e sacrifício, rejeitando as posses materiais, para só então, apenas depois que nos desapegarmos de tudo é que estaremos livres e não teremos medo de mais nada, adquirindo a habilidade de prestar atenção àquilo que realmente importa na vida.

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